Depois que fracassou a assembleia da última sexta-feira (25), entre banqueiros e bancários na sede da Fenaban – Federação Nacional dos Bancos –, em São Paulo, uma nova assembleia esta marcada para esta quarta-feira (30), caso não haja acordo novamente, os bancários iniciam greve a partir do dia 6 de outubro.
Um dos principais entraves entre os empregados e os patrões do setor é justamente o reajuste salarial, pois a categoria quer reajuste de 16%, mas na sexta-feira os banqueiros ofereceram apenas 5,5%, o que foi rejeitado na mesa, pois somente a inflação foi de quase 10%, conforme explicou Heidiany Moreno, diretora local do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá.
Segundo a sindicalista, uma possível greve começaria pelos bancos públicos, depois seriam atingidos os bancos privados.
Não dá – Para se ter uma ideia do quanto os bancários consideram a proposta da Fenaban longe da realidade, uma conta simples mostra que os bancos estão querendo impor retrocesso aos trabalhadores. Nos últimos dois anos, os bancários garantiram, na luta, aumento real de 1,82% e 2,02%, o que resultou num ganho acumulado de 3,88%. Ou seja, a proposta da Fenaban, na prática, mais do que anula os ganhos conquistados pela categoria em 2013 e 2014. Se essa proposta fosse aplicada, o saldo final de 2013, 2014 e 2015 seria de perda real de 0,26% para os bancários.
Com a proposta feita pela Fenaban, considerando o ganho anual do trabalhador (salários, 13º, férias e FGTS) e a PLR, o bancário que recebe o salário médio da categoria (R$ 6.208) teria uma perda de R$ 2.144,81 ao longo do ano (se comparado a uma proposta que apenas repusesse a inflação).
Abono é perda – Além disso, segundo o site dos bancários, o abono de R$ 2,5 mil não se integraria aos salários, seria pago só uma vez. Incide imposto de renda e INSS. Ou seja, o valor que seria pago é bem menor que o apresentado pelos bancos. Abono em vez de aumento real significa chegar à próxima campanha, em 2016, com toda a inflação de um ano mais as perdas de 4% para repor nos salários e demais verbas dos bancários. Não incorpora ao FGTS, à aposentadoria nem ao 13º salário. No longo prazo, isso significaria trabalhadores com menos poder de compra e mais dinheiro nos cofres dos banqueiros.
Nem pra uma coxinha
O site oficial da categoria também revela que a proposta da Fenaban de 5,5% de reajuste para os vales não cobre a inflação da alimentação fora de casa (10,56%), nem da refeição no domicílio (10,72%). Com esse reajuste de fome, o vale-refeição aumentaria apenas R$ 1,43 (não dá nem para uma coxinha), passando dos atuais R$ 26 por dia para R$ 27,43. Hoje o valor médio de uma refeição na rua é R$ 33,16.